Como os livros de autoajuda têm mudado sua linguagem para agradar os leitores

0

Para reconhecer um livro de autoajuda, bastava encontrar títulos motivacionais nas estantes de livrarias. Agora, a tarefa ficou um pouco mais complicada, uma vez que suas capas carregam ironia e palavras que aguçam a curiosidade do leitor. Dessa forma, as pessoas acabam consumindo o conteúdo sem saber ao certo, a qual categoria ele pertence, mas nunca classificando-o como motivacional.

A linguagem também está diferente. Os leitores têm encontrado conteúdos mais leves, muitas vezes semelhantes às histórias de ficção e, sem perceber, acabam repensando atitudes e planos pessoais. Há, também, os títulos que têm um aspecto educacional, como o Me Poupe!, da Nathalia Arcuri.

Um grande exemplo dessa nova linguagem é o livro A Sutil Arte de Ligar o F*da-se. Seu título causa confusão àqueles que não conhecem a temática da obra, fazendo com que as pessoas se perguntem se é ficção ou não, quando, na verdade, pertence à categoria de autoajuda.

O maior diferencial do título é a pitada de “crueldade” presente em sua composição. O autor, Mark Manson, passa a mensagem desejada de uma forma “nua e crua”, como se fosse um amigo que não tem medo de dizer a verdade, por mais que esta seja dolorosa de ouvir.

A que se deve o sucesso dos autoajuda?

A algum tempo atrás, os livros de autoajuda sofriam preconceito por parecerem “dispensáveis”, ou então, servirem a “pessoas que precisam de um direcionamento”, especialmente entre o público mais jovem. Essa visão tem mudado, justamente por conta de sua nova linguagem, que tem se aproximado às das redes sociais.

As obras têm tratado de questões cotidianas que, muitas vezes, causam discussões ou, até mesmo, indignação. Ainda utilizando o título de Manson como exemplo, ele passa uma mensagem bem semelhante aos “textões” publicados no Facebook, sobre as pressões negativas impostas pela sociedade sobre a perseguição do sucesso e da felicidade.

O objetivo do livro é fazer com que as pessoas entendam que está tudo bem em não ser feliz o tempo todo, e que a vida exposta na internet, não é tão perfeita quanto parece. Tudo isso é passado de uma maneira cativante, engraçada e um tanto ácida, mas que faz com que os leitores reflitam sobre o assunto.

Os jovens estão consumindo mais autoajuda

Atualmente, há muito mais livros de autoajuda voltados ao público teen. Um exemplo disso, é a obra de Isabela Freitas: Não se Apega, Não. O livro aborda a necessidade de não se apegar a relacionamentos e situações que são negativas para a vida pessoal.

A saga da autora, descrita no best-seller, retrata a necessidade de abrir mão daquilo que, muitas vezes, queremos, mas que não nos faz bem. Com uma linguagem mais informal e situações engraçadas, o título atraiu e causou muita identificação entre os jovens. O sucesso foi tanto que, logo em seguida, foi publicada sua continuação: Não se Iluda, Não.

Há quem classifique esses livros como obras para jovens adultos, em vez de autoajuda. Isso acontece por abordarem questões recorrentes na vida de quem acabou de entrar na fase adulta, como inseguranças com o corpo, relacionamentos amorosos e demais pressões sociais.

Enquanto os livros de “autoajuda para jovens” mostram que é normal ter dúvidas, ou então, não ter o corpo perfeito de acordo com a sociedade, por exemplo, os livros de “autoajuda tradicionais” costumam dar soluções para os problemas, como lidar com a ansiedade ou aumentar sua produtividade.

Isso não quer dizer que um tema seja mais importante que outro. Essa é, apenas, uma forma de quebrar o preconceito com a categoria, além de deixar a mensagem mais convidativa e, como o objetivo é atingir um público cada vez maior, a linguagem foi se adaptando entre as diversas faixas etárias.

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.