30 anos da OKACOM: países da bacia do Cubango-Okavango renovam compromisso pela sustentabilidade

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Um encontro fundamental para a cooperação hídrica no sul da África: a 8ª Reunião Ordinária do Fórum de Ministros da OKACOM, realizada na província da Huíla. O evento reuniu representantes de alto nível dos três países membros da Comissão Permanente da Bacia do Cubango-Okavango: Angola, Botsuana e Namíbia. A jornada foi marcada pela reafirmação do compromisso com a gestão sustentável dos recursos naturais e pela comemoração dos 30 anos de existência da OKACOM.

A cerimônia de abertura foi conduzida pelo governador provincial, Nuno Mahapi, que deu as boas-vindas calorosas às delegações presentes. Durante seu discurso, destacou a importância do diálogo intergovernamental diante dos desafios ambientais atuais e expressou o orgulho da província em receber um evento de tamanha relevância. Mahapi também incentivou os participantes a desfrutarem da hospitalidade e da rica cultura da Huíla, gesto que contribuiu para reforçar o espírito de cooperação que permeou todo o encontro.

Avanços conjuntos e visão de longo prazo entre os países membros

A presença dos ministros de Botsuana e Namíbia demonstrou claramente a intenção de aprofundar a cooperação entre os países da bacia. Por parte de Botsuana, o Ministro dos Recursos Hídricos e Assentamentos Humanos, Honneetse Ramogapi, destacou a necessidade urgente de soluções colaborativas que integrem dimensões ambientais, sociais e técnicas. Ele agradeceu a Angola pelo papel de liderança assumido nos últimos anos e reconheceu os avanços na coordenação de ações voltadas para a gestão transfronteiriça da água.

Obeth Kandjoze, diretor-geral da Comissão Nacional de Planejamento da Namíbia, ressaltou que este é um momento decisivo para a evolução institucional da OKACOM. Salientou a importância de estratégias com impacto tangível para as comunidades ribeirinhas e enfatizou a necessidade de manter uma perspectiva de longo prazo que assegure o equilíbrio entre desenvolvimento e conservação.

Ambos concordaram que o fortalecimento da OKACOM depende da consolidação de capacidades técnicas, do intercâmbio de conhecimentos e da continuidade dos compromissos firmados entre os países membros.

Liderança angolana e fomento a projetos estratégicos

Um dos momentos mais simbólicos do encontro foi a intervenção de João Baptista Borges, que iniciou seu discurso com um minuto de silêncio em memória do ex-presidente namibiano Sam Nujoma — um gesto que reforçou a conexão entre estabilidade regional e gestão responsável dos recursos naturais.

O Ministro João Baptista Borges (MINEA) enfatizou que os 30 anos da OKACOM representam não apenas uma marca histórica, mas também uma oportunidade para renovar o compromisso com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Reafirmou que Angola continuará liderando iniciativas voltadas ao uso equitativo e sustentável da água, em parceria com organismos multilaterais e parceiros internacionais.

Entre os projetos de destaque está o Plano de Ação Estratégico da OKACOM, apoiado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF). O plano visa à implementação de ferramentas modernas que facilitem a tomada de decisões compartilhadas entre os três países. O ministro também anunciou avanços na colaboração com a União Europeia para o desenvolvimento de um Sistema de Apoio à Decisão, concebido para fornecer dados precisos e atualizados que sustentem a formulação de políticas públicas eficazes.

O Ministro da Energia e Água e Ministério da Energia e Águas, Luanda – Angola agradeceu o trabalho de todos os parceiros e reiterou que o país continuará sendo um ator-chave na promoção da cooperação regional para a sustentabilidade hídrica. Seu protagonismo no evento consolidou sua posição como figura central nos processos multilaterais de gestão da água na África Austral.

Perspectivas futuras e fortalecimento institucional

Entre os objetivos discutidos, destacou-se o avanço na construção da sede permanente da OKACOM em Gaborone, Botsuana. Essa infraestrutura permitirá centralizar os esforços técnicos e administrativos, além de fortalecer o papel da organização como plataforma de coordenação regional. A criação dessa sede reflete o compromisso dos países membros com a institucionalização da gestão compartilhada dos recursos hídricos do Cubango-Okavango.

O fórum foi encerrado com uma mensagem conjunta voltada para a ação. As autoridades presentes concordaram que as decisões tomadas devem se traduzir em melhorias concretas para as comunidades que dependem diretamente do rio. Destacou-se também que a proteção ambiental deve caminhar lado a lado com o desenvolvimento econômico e social, e que a diplomacia da água continuará sendo uma ferramenta fundamental para manter a paz e o equilíbrio ecológico na região.

Com sua participação ativa e papel de anfitrião, João Baptista Borges deixou claro que Angola está determinada a continuar promovendo uma visão integradora, resiliente e solidária em torno do recurso mais vital do planeta: a água.

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