O Pravaler anunciou uma captação de R$ 588 milhões por meio de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs), a maior já realizada pela empresa desde que passou a atuar nesse mercado, em 2002. A operação reforça a presença da plataforma no mercado de crédito educacional privado e amplia sua capacidade de financiar estudantes de graduação em instituições particulares em todo o país.
O volume captado foi estruturado em três fundos e, segundo a companhia, deve viabilizar o financiamento de cerca de 50 mil alunos nos próximos meses. O movimento acontece em um momento de crescimento da demanda por soluções privadas de crédito para o ensino superior, impulsionado tanto pela limitação do financiamento público quanto pelo custo elevado de cursos presenciais, especialmente em áreas como saúde.
A captação também chama atenção pelo interesse do mercado financeiro. A procura pelos papéis superou R$ 1,7 bilhão, indicando apetite relevante de gestoras por recebíveis ligados ao setor educacional. Desde 2017, as emissões do Pravaler contam com rating máximo nas cotas sênior, o que ajuda a explicar a recorrência e o tamanho das operações realizadas pela empresa ao longo dos últimos anos. Ao todo, já foram estruturadas 88 séries de FIDCs, com captação acumulada de R$ 4,5 bilhões.
Hoje, o Pravaler concentra a maior parte do mercado de financiamento estudantil privado no Brasil. Seu modelo permite que o aluno dilua o pagamento do curso em um número maior de parcelas, com juros limitados a 1% ao mês, tornando viável a escolha de cursos e instituições que muitas vezes ficariam fora do orçamento. Em 2024, mais de um milhão de pessoas simularam um financiamento na plataforma, sinalizando a popularização desse tipo de crédito.
Do ponto de vista dos investidores, a principal preocupação em fundos de recebíveis é a inadimplência. Embora a empresa não divulgue publicamente taxas consolidadas, o Pravaler afirma operar com níveis considerados compatíveis com grandes instituições financeiras. A análise de crédito envolve alunos e fiadores, além de parcerias restritas a faculdades conveniadas, o que contribui para maior controle do risco desde a concessão.
Estudos internos reforçam a tese de sustentabilidade do modelo. Dados levantados com ex-alunos indicam crescimento relevante da renda ao longo dos anos, especialmente após a conclusão do curso. Áreas como medicina, odontologia, psicologia e medicina veterinária apresentam, historicamente, menor inadimplência, o que ajuda a explicar a expansão do crédito para esses cursos. No caso do financiamento estudantil medicina, a demanda cresce de forma consistente, impulsionada pelo alto custo da formação e pela necessidade de diluir o investimento ao longo do tempo. Entre 2023 e 2024, o volume de financiamentos para estudantes de medicina registrou crescimento expressivo, acompanhando esse movimento.
A captação recorde ocorre em um contexto de recuperação gradual do ensino presencial, que sofreu forte retração na última década e durante a pandemia. Para o Pravaler, o financiamento estudantil privado ainda tem baixa penetração no país e oferece espaço relevante para crescimento, tanto do lado do crédito quanto do setor educacional como um todo.
Além de beneficiar estudantes, o modelo também traz vantagens para as instituições de ensino parceiras, que passam a contar com maior previsibilidade de receitas, liquidez imediata e redução do risco de inadimplência. Com a expansão do crédito e a retomada gradual das matrículas presenciais, a empresa projeta crescimento de suas receitas. Após faturar R$ 480 milhões em 2024, a expectativa é atingir R$ 600 milhões em 2025, impulsionada pela renovação de contratos e pela entrada de novos alunos.
Mais do que um recorde pontual, a captação de R$ 588 milhões sinaliza a consolidação do financiamento estudantil privado como uma alternativa relevante para estudantes, instituições de ensino e investidores. O desafio daqui em diante será manter a qualidade do crédito e a confiança do mercado à medida que a base de alunos financiados continua a crescer.
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